02/11/2017

É errando que se aprende

Cresci ouvindo, no Rio Grande do Sul, este ditado que dá título ao texto (até pensei em chamá-lo Vivendo e aprendendo, mas ficaria muito parecido com o título deste artigo que publiquei aqui no ano passado). Embora é claro que possamos aprender também com nossos acertos, e mesmo com erros alheios, o fato é que nenhuma das outras opções virou dito popular :) 

Bueno, há uma semana eu caminhava no final da tarde por uma rua de Maceió quando tocou meu telefone. Atendi, e era uma senhora que havia pego meu cartão em algum estabelecimento comercial e queria saber quanto eu cobraria para "tirar cinco a dez fotos".



(Costumo dizer que começar a abordagem a um fotógrafo perguntando pelo preço é o mesmo que o paciente chegar num consultório e de cara perguntar pro médico que remédios deve tomar...)

Ok, dessa vez a questão não era relativa a apenas uma foto (como neste texto de agosto), mas o raciocínio não difere muito. Respondi à senhora que a quantidade não influi muito no valor final, já que o fotógrafo sai preparado para fazer 5, 10 ou 200 fotos, e que no caso ela, enquanto cliente, é que optava por receber 5 ou 10. Nesse meio tempo ela me disse também que as fotos eram para publicidade de sua loja virtual. Não consegui saber muito mais que isso, já que a possível cliente estava de fato muito preocupada com o valor que eu iria cobrar. E aí cometi o erro que intitula o texto: com base em uma conversa de, até ali, talvez 4 minutos (a duração da ligação foi de 5min42), passei um valor, que a pessoa considerou muito alto, agradeceu e se despediu, perceptivelmente decepcionada. 

Meu erro foi dar um orçamento num telefonema, sem conhecer mais as necessidades da possível cliente, e sem saber se ela chegou a conhecer o meu trabalho (embora no cartão, além do telefone, conste meu Instagram, não necessariamente ela o acessou). 

A rigor, só tenho preço de trabalho definido para o pacote de ensaio fotográfico. Fora isso, é difícil pré-definir valores, porque cada cliente vem com necessidades bastante específicas, principalmente quando se trata de publicidade. Não tem como determinar um valor que vá abranger a todas as possíveis consultas  - naturalmente, as demandas de uma confecção serão bem diferentes da de um restaurante ou de um salão de beleza. 

Enfim, mais tarde, me dei conta de que o que deveria ter feito ao atender era informar à pessoa que eu me encontrava na rua, pedir por favor que voltasse a ligar dali a X minutos, quando eu já estivesse em casa, e então conversar com mais calma para entender as necessidades daquele trabalho específico e ver como (e por quanto) poderia melhor atendê-lo. 

Queria falar ainda a respeito da questão de clientes pedirem poucas fotos (o que tem me acontecido com bastante frequência) que é de fato uma ilusão pensar que quando você pede cinco, dez ou mesmo uma foto o fotógrafo faça de fato apenas cinco, dez ou mesmo uma e consiga atingir a qualidade que você espera e pela qual está pagando. 

No exemplo que mencionei, em que a cliente queria cinco fotos, digamos que eu fizesse mesmo apenas cinco, e na hora de editar eu percebesse que em uma delas a modelo estava de olhos fechados, em outra houve um leve desfoque que não possa ser corrigido na edição e em uma terceira o flash não tenha funcionado a contento. Então das cinco fotos só restam duas com a qualidade que a cliente precisa, porém esta quantidade não atende à sua necessidade. É por isto que se você diz que quer/precisa cinco fotos, possivelmente o fotógrafo faça 40 ou mesmo 50, para ter depois bastante opções de escolha para se chegar ao melhor resultado que tanto fotógrafo quanto cliente esperam. Aliás, particularmente penso que nem faz muito sentido fotógrafo, cliente e eventualmente modelo e maquiador/a se mobilizarem para produzir uma, cinco ou dez fotos, se for ver bem isto até deveria ser mais caro (risos). 





* Ilustrando o post, raríssimas fotos que fiz em Salvador 
com a Canon T3i, em 28 de setembro de 2015, 
logo depois da revisão e antes de ela emperrar 
de vez e eu vendê-la. 


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