30/06/2016

Quando nasce uma ideia

Gilberto Gil cantou em 1989 que queria Uma máquina de filmar sonhos. Eu também gostaria de ter uma, e mais: acredito que deveria ser possível fotografar (ou ao menos dar um print rsrs) em nossos pensamentos. Só assim, talvez, poderíamos flagrar o momento exato em que uma ideia nasce.

Enquanto tais tecnologias não se encontram disponíveis, penso que um dos mecanismos mais eficazes para "fotografar ideias" são os arquivos das contas que cada um de nós mantém em redes sociais. Vejam por exemplo a lembrança que o Facebook me trouxe anteontem.


Eu já havia iniciado na ocasião o projeto As Tias do Marabaixo (saiba mais sobre ele no blog do projeto), inclusive havia encerrado, em 27 de junho de 2014, as dez sessões de filmagens para as quais contratei a equipe da Graphite Comunicação, visando a realização de um documentário de longa-metragem. A última sessão foi uma memorável entrevista com Tia Biló, então com 89 anos, gravada na tarde do dia 27 em sua casa no bairro Renascer (Macapá). De lá, o pessoal da Graphite me levou até o Curiaú, onde à noite aconteceu a festa em comemoração aos 94 anos que Tia Chiquinha completara na véspera. Na festa, que foi quase até o amanhecer, fiz inúmeras fotos, a exemplo do que vinha fazendo nas festas de Marabaixo desde o início das filmagens, em abril.

Certamente foi pensando nesse acervo que tive o pensamento que logo me apressei em compartilhar com meus amigos na rede social. O apoio imediatamente demonstrado me animou a selecionar 18 das imagens produzidas ao longo dos dois meses anteriores, dando origem à exposição itinerante As Tias do Marabaixo. A primeira exibição pública da mostra aconteceu em agosto de 2014 no Barracão Tia Gertrudes da Associação Cultural Berço do Marabaixo, no bairro da Favela; no ano seguinte, também esteve no Centro Cultural Tia Biló, no bairro do Laguinho, em plena Quarta-Feira da Murta do Divino Espírito Santo. Várias outras mostras foram feitas em Macapá, incluindo instituições culturais e escolas; no segundo semestre do ano passado, a exposição chegou a Paraíso (TO) e Salvador (BA). As fotos também motivaram o lançamento de uma coleção de cartões-postais (iniciativa do Amapá Garden Shopping, na ocasião em que as fotos ficaram expostas no local) e uma série de camisetas temáticas da coleção Som do Norte.

Foi com a exposição, principalmente por causa da repercussão imediata que ela teve em Macapá (basta dizer que o convite para expor no Amapá Garden surgiu tão logo anunciei que faria a mostra no Barracão Tia Gertrudes) que o projeto As Tias do Marabaixo ultrapassou o âmbito do documentário que era o único produto pensado originalmente. A ampliação abrange cinco curtas-metragens, lançados no começo de 2015 (disponíveis no YouTube e exibidos no Amapá, Tocantins, Bahia, Rondônia e Pará); um livro de fotos, com uma seleção de 200 registros que fiz de festas de Marabaixo entre 2013 e 2016 (em fase de edição); e um livro com a íntegra dos depoimentos das Tias do Marabaixo, gravados em 2014 (cujo lançamento só faz sentido depois de concluído o documentário). Como se tratam de realizações inteiramente independentes, não há como determinar uma data para o lançamento destes produtos. 


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